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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Alda Martins Soncini

Alda Martins Soncini
            Alda Martins Soncini nasceu em 22 de Setembro de 1924 no bairro do Belém, na cidade de São Paulo, sendo batizada na Igreja de São José do Belém como faz questão de frisar. Estudou História Natural na USP, um curso em período integral, formando-se em 1948. O curso hoje está subdividido, mas ela lembra que faziam parte do curso matérias tão diversas como geologia, biologia, genética, botânica, paleontologia, mineralogia, zoologia, física dentre outros. Sempre estudou em escola pública e tinha como projeto de vida lecionar também em escolas públicas como forma de retribuir a formação que recebeu.

            Casou-se em 1949 com Walter Soncini, que trabalhava como perito contador em uma empresa em São Paulo. Logo após o nascimento de seus quatro filhos (Walda, Walter, Waldilene e Waldir) iniciou sua carreira no magistério dando aulas inicialmente na EE Wolny de Carvalho Ramos, no Bairro da Água Rasa, em São Paulo, onde também morava, na Av. Álvaro Ramos. O Sr. Walter montou uma empresa de transportes em Guarulhos, a ANDA, e como em todas as férias foram procurar algum lugar para passar com as crianças. A preferência era sempre a praia portanto foram visitar alguns apartamentos em São Vicente. Mas a Dona Alda não gostou da ideia de ficar com quatro crianças na praia, e sozinha, pois o Sr. Walter só viria nos finais de semana. Desistiram da idéia, mas o Sr. Walter convidou a Dona Alda a visitar um loteamento que tinha visto num anúncio de jornal e que estava sendo iniciado na cidade de Arujá pelo Sr. Silvano Faltoni. Era o ano de 1958 e poderia ser uma boa opção para uma casa de campo para passarem as férias. Quando chegaram ao loteamento Arujazinho (III) pararam próximos ao local onde hoje estão as piscinas cobertas e era tudo mata fechada.

          O Sr. Walter viu uma árvore florida de amarelo, era uma cizalpina, e disse que construiria uma casa de campo naquele local. E assim fez. Vinham com as crianças em todas as férias e finais de semana. Eles adoravam pois andavam a cavalo e tinham toda a liberdade nas ruas de terra margeadas pela mata. Nas férias, a Dona Alda ficava com as crianças, mas tinha uma charrete e era uma alegria quando ia até a cidade com toda a criançada para fazer as compras. Ela lembra que era um sossego, e que às vezes no trajeto até a cidade e na volta, não cruzava com automóvel algum.

            As crianças diziam para os amigos que moravam numa espécie de fazenda e choravam quando tinham que ir para São Paulo. Questionavam a mãe por que não ficavam morando em Arujá, na casa de campo. No final de 1960 finalmente decidiram mudar para Arujá e no dia 25 de Janeiro de 1961, dia do aniversário de São Paulo, estavam definitivamente instalados na nossa cidade.

            O antigo primário (1º grau) já era na Escola Estadual do 1º Grau Dr. Washington Luiz Pereira de Souza e o ginasial (2º Grau) também funcionava no mesmo prédio e era denominado de Escola Estadual de Arujá. Como as aulas de ciências estavam sendo dadas pelo padre Atílio provisoriamente, o Sr. Rolando Tinucci, vice-prefeito, sabendo que havia uma professora na cidade, convidou Dona Alda para lecionar para as turmas do 3º e 4º ginasial.

            Ainda não havia o colegial em Arujá portanto os filhos tinham que estudar em São Paulo. Assim iam na Kombi do Sr. Walter Soncini que era dirigida pelo Sr. Francisco Baltazar de Araújo, pai do Dito Fotógrafo, aliás uma das suas primeiras amizades em Arujá juntamente com a esposa, Dona Wanda. Também aproveitavam carona o Elcinho, filho dos amigos Élcio Cordeiro dos Santos e Maria, e o Ângelo, filho dos também amigos Januário Anunciatto e Clélia.

            Foi construída outra escola em Arujá, o Ginásio Estadual de Arujá, que passou depois a ser denominado de Colégio Estadual de Arujá. Dona Alda foi lecionar biologia para o 2º grau e colegial. Com o falecimento do Diretor de Ensino de São Paulo responsável por esta área educacional, ela sugeriu que se desse o seu nome para a Escola e assim passou a se chamar EEPSG Dr. Renê de Oliveira Barbosa.

            Já professora respeitada pelos alunos e seus pais foi convidada por um político para ser vice-prefeita nas eleições de 1972 (a quarta eleição municipal). Esse político era François Marie Reddet, francês de nascimento, e naturalizado brasileiro. O marido concordou porém Dona Alda fez uma exigência: participaria desde que se vencessem fariam muitas atividades no campo social. François se comprometeu e venceram as eleições que também foram disputadas por Fausto Ferreira Franco, arujaense de nascimento, tendo como vice João Godoy. Assumiram a Prefeitura em 1º de Fevereiro de 1973, um francês naturalizado e uma paulistana. Como vice-prefeita sempre assumia a prefeitura quando o prefeito viajava ao exterior para visitar seus pais.

            Prestou concurso para Diretoria e foi dirigir o Ginásio Estadual de Bonsucesso, hoje EE Estevam Dias Tavares, pedindo remoção em 1976 para a EEPG de Arujá. Como Diretora contou com a ajuda de muitas professoras dedicadas como Flora Larini que lecionava língua portuguesa, Rita Ferreira, que lecionava História, Esli Garcia Diniz (Educação Física), Geni Franco (primário), Irene Ferreira dentre tantas.

            Esli Diniz era um professor muito querido que dava aulas de Educação Física na EEPSG Dr. Renê e na EEPG de Arujá. Ex-aluno da Dona Alda agora era professor sob a sua direção. Casado e com dois filhos, foi constatado em 1979 que estava com câncer no rim. A evolução da doença foi muito rápida e Esli faleceu no dia 9 de Novembro do mesmo ano, aos 28 anos de idade. A comoção foi geral e Dona Alda pediu ao prefeito Benjamin Manoel (Beijo) que autorizasse a homenagem ao professor mudando o nome da escola. Embora o prefeito tivesse idéia de homenagear o atleta com o seu nome no Ginásio de Esportes, ao lado do Estádio, cedeu e assim por meio do projeto de lei nº 705 de 20 de Novembro de 1979 de autoria do Deputado José Felício Castellano a EEPG de Arujá passou a ser denominada EEPG “Prof. Esli Garcia Diniz”.

            Também na administração do Prefeito Beijo pertenceu ao grupo que constituía a ABA (Associação Beneficente de Arujá), cuja presidente era a Dona Terezinha, primeira dama. A ABA foi o início do Fundo de Assistência Social. Dona Alda foi presidente da APAE de Arujá, permanecendo até hoje na Diretoria da entidade.

            Supervisora de Ensino da região do II DE (Guarulhos, Arujá e Santa Isabel) em 1987 teve o maior desafio de sua vida: um aneurisma cerebral. Operada, ficou 15 dias em coma induzido. Mas Deus tinha uma missão para Dona Alda e assim ela superou tudo: a operação ao cérebro, a recuperação sem sequelas e até a perda do marido em 10 de Outubro de 2002. Aposentada desde 1987 está na 18ª turma de Catequese (preparação para a 1ª Eucaristia da Igreja Católica). É como se fosse a retribuição ao que Deus fez por ela.

            Em 1988 o prefeito Antonio Carlos Mendonça (Toninho da Pamonha) e o vice-prefeito Abel Larini, que foi seu aluno, propuseram à Câmara Municipal de Arujá que se desse o seu nome à Biblioteca Municipal. A aprovação foi por unanimidade, exigência da lei para que se dê nome de pessoas vivas a algum órgão público.

            A medicina foi sempre uma paixão para Dona Alda. Fica feliz em ter participado do início de formação de alguns alunos que mais tarde tornaram-se médicos como o Dr. José Luiz Monteiro, Dra. Alba Dias e o Dr. Flávio Sakamoto.

            Dona Alda considera-se uma pessoa realizada e feliz. Outro dia uma criança telefonou para sua casa e disse: - “Dona Alda, não é a senhora que é a dona da Biblioteca? Por favor autorize o empréstimo de livros para que possamos levar para casa.” A Dona Alda respondeu: - “Querida, eu não sou a dona da biblioteca, mas livros didáticos não podem ser emprestados pois são para consulta. Imagine que você esteja com um livro e um colega seu precise do mesmo livro, você estará prejudicando o estudo dele.”

            Dona Alda, a vida nos proporciona alegrias e tristezas. Devemos superar as tristezas e retribuir as alegrias como a senhora sempre fez. Dona Alda a senhora é de Arujá e Arujá é muito sua.

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