Páginas

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Doceria Clarice

   O que para muitos não faz nenhum sentido, para o Celso Rubens Crivelari as iniciais CRC são sinal de sorte, pois trouxe muita alegria e satisfação. A começar pela esposa que também ganhou as iniciais: Clarice Rodrigues Crivelari. Seguiu a tradição com os filhos: Celso Ricardo Crivelari, Carla Regina Crivelari (de Faria) e Cintia Renata Crivelari.

   O Celso vendia peças para automóveis viajando por várias cidades até que finalmente resolveu montar uma loja em 1991 na Rua Duque de Caxias. Clarice, dona de casa, cozinhava muito bem e nos aniversários das crianças era ela quem fazia todos os doces e salgados. Desgostoso com a evolução da loja, Celso acabou fazendo um mau negócio, vendendo e recebendo somente uma parte do combinado.

   Sem fonte de renda não sabia o que fazer até que Clarice teve uma idéia: ela faria salgadinhos e como o Celso era um bom vendedor, ele sairia de porta em porta oferecendo o produto. Era Fevereiro de 1995 e o Celso achou que poderia não dar certo pois para ser rentável tinha que vender muito salgadinho. Mas mesmo assim arriscou, vendendo bandejas com 25 salgados crus bem embaladinhos de porta em porta. Vendia coxinhas, bolinhas de queijo, empadinhas, kibes, risolis. Procurava os amigos e batia de porta em porta no centro da cidade, no Bairro do Portão, Jordanópolis vendendo no primeiro mês 1.000 unidades. Já começou a se animar. No terceiro mês já vendia 3.000 unidades e teve que contratar a primeira funcionária, Luciana de Oliveira, pois a Clarice fazia tudo em casa sozinha. O Celso passou a vender mais do que a Clarice conseguia produzir.

   Após 3 meses já foram contratadas mais duas funcionárias e a filha Cintia, então com 18 anos, já ajudava e o filho Ricardo, com 21 anos, fazia os temperos que também eram vendidos.

   O que ajudou muito a divulgar os salgados da Clarice e do Celso foram reuniões domiciliares na campanha política de 1996. O João Baiano e a Ana Poli sempre contratavam os serviços do Celso que aproveitava para distribuir a sua propaganda. Depois que a pessoa experimentava o salgadinho, sempre guardava um folheto. Outra forma de aumentar as vendas foi vender nas cidades litorâneas como Praia Grande. Embora houvesse uma certa rejeição a ambulantes, depois que o cliente comprava, o Celso era aguardado com seu carro baú e seu jaleco branco. Vendia 3.000 salgados crus num dia batendo de porta em porta. O boca a boca foi fundamental.

   Como a Clarice já preparava festas resolveram abrir um Buffet. E assim em 1999 inauguraram o Buffet Clarice, na Avenida Amazonas, onde antes era o restaurante Rei da Costela e hoje uma clínica. Tudo para o Buffet era produzido pela Clarice, já confeccionando bolos e doces também. Mas o serviço de Buffet era muito desgastante e resolveram deixar essa atividade em 2003 alugando um salão em frente à Prefeitura, na rua José Basílio Alvarenga, para montar uma doceria. Até hoje ligam perguntando pelo Buffet.

  “Eu acredito que o sucesso dos salgados, dos bolos e dos doces da minha mãe se deve ao fato que ela faz como se estivesse fazendo para uma festa familiar, com os ingredientes da despensa de casa”, comenta Cintia. Mesmo com o aumento da produção sempre manteve a mesma qualidade e os mesmos ingredientes.

   Em 2004 foi necessária a construção de uma cozinha industrial no Jordanópolis para abastecer a loja e a Doceria Clarice já empregava mais de 20 pessoas. O Celso ficava nas compras e nas entregas, a Clarice e a Cintia ficavam na administração da cozinha, o Ricardo na loja e convenceram a Carla, que mora em Santa Branca, a cuidar da parte administrativa da empresa.

   Ricardo veio a falecer em 2007 e o Bruno, irmão da Clarice, veio auxiliar, tendo falecido em Junho de 2011.

   Já surgiram sugestões para franquear a loja para cidades da região, mas os planos para o futuro já estão traçados. Hoje produzem de 3 a 4 mil salgados por dia e empregam 43 pessoas. Porém o espaço da loja está pequeno e não oferece o conforto que pretendem aos seus clientes. Dentro de 60 dias estarão em novo endereço, na Rua Rodrigues Alves, com instalações novas e uma novidade também no ramo de alimentos.

 “Eu sempre tive dificuldade em gravar nomes, e para não ficar mal eu chamava o pessoal de “chegado”, daí eu passei a ser conhecido como Celso Chegado. As mulheres que trabalham na cozinha são todas Marias pra mim, não consigo gravar os nomes”, brinca Celso.

   E assim, adoçando as bocas do povo arujaense, Celso e Clarice fizeram uma história de sucesso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário