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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Carlos Manuel Chambel Paiva


            Esta é a história de CARLOS MANUEL CHAMBEL PAIVA que veio parar em Arujá por força do destino. Carlos Manuel nasceu em Portalegre, região do Baixo Alentejo, em Portugal, próximo a uma vila chamada Portagem, na divisa com a Espanha. O nome Portagem tem um sentido, pois na época da Inquisição os judeus fugiam da Espanha para Portugal e tinham que pagar uma taxa (pedágio) para passar pela fronteira. Ao entrarem na nova terra fundaram vilas como a mais conhecida, Castelo de Vide, com forte influência judaica. O sobrenome CHAMBEL é dessa época, de judeus franceses.

            Nascido em 18 de Julho de 1955 trabalhou até os 15 anos de idade num jornal da diocese de Portalegre. Aos 16 anos de idade foi ser voluntário da Marinha de Guerra de Portugal devido à influência e às histórias de aventura de seus tios que serviram na Marinha Portuguesa na Índia na época colonial. Precisou da autorização do pai e finalmente em 1971 foi ser artilheiro e depois fez parte da tripulação responsável pela alimentação nas expedições a Angola e Moçambique. Basicamente participava de apoio logístico transportando tropas portuguesas de fuzileiros que a força aérea se encarregava de resgatar após os combates. Nunca aconteceu nada mais grave a não ser o episódio em que ficaram 48 horas a deriva sem qualquer orientação dos aparelhos por terem enfrentado uma grande tempestade e terem sido resgatados pela força aérea portuguesa. Durante 9 anos foi essa a sua vida.

            Em 1980 foi trabalhar na RTP (Rádio e Televisão Portuguesa) como responsável pelos bares e restaurantes, porém logo  foi requisitado pela Construtora Mendes Júnior que realizava trabalhos de construção de ferrovias no Iraque. Como o Banco de Portugal financiava 10 % desses projetos a condição era que fossem empregados profissionais portugueses e como Carlos Manuel tinha alguma experiência militar logo foi contratado. Foi durante a guerra contra o Irã e ele ficou na cidade de Ramada. O que mais o impressionava eram os alarmes quando dos ataques aéreos. Eram apavorantes, pensava que ia morrer a qualquer momento.

            Em 1982 finalmente voltou a Portugal e planejou viver nos Estados Unidos. Mas precisava do visto, que a essa altura era muito difícil de conseguir. Mas uma amiga brasileira que ele conheceu no Iraque disse que daria um jeito através do Brasil.

            E assim ele veio para o Brasil à espera dessa oportunidade, vindo morar em São Paulo, na região central conhecida como Cracolândia. Depois de 6 meses à espera resolveu que era hora de procurar algum trabalho pois estava perdendo a esperança de ir para os Estados Unidos. Começou a trabalhar no restaurante Dom Fabrício na Alameda Santos. Logo depois o dono de um restaurante húngaro na região da Avenida Paulista deu uma oportunidade para que fosse o maitre. O dono do restaurante simpatizou com Carlos e mesmo sem documentos foi empregado. O que mais marcou naquele primeiro emprego efetivo no Brasil foi a participação no lançamento, nesse restaurante, da revista Playboy  tendo na capa a atriz Cristiane Torloni. Foi o dia seguinte à sua estréia no emprego.

            Uma noite foram jantar no restaurante uma senhora e seu pai, que por ser português também, logo fez amizade com o Carlos. A senhora deixou o número do telefone e disse que se um dia precisasse de algo não hesitasse em chamá-los. No Natal desse ano resolveu telefonar para desejar-lhes Boas Festas e ao saberem que iria passar o Natal sozinho foi convidado a ir até a residência deles. E lá foi o Carlos até a casa dos novos amigos. Durante a conversa ficou sabendo que trabalhavam na mesma atividade, pois o dono da casa tinha participações em vários bares e padarias e assim convidou o Carlos para dirigir um dos bares na Rua do Bosque, na Barra Funda. Depois desse dirigiu outro na Av. Paulista, outro no Brás, sempre aumentando o faturamento.

            Eles tinham uma participação num restaurante em Arujá onde o Carlos foi convidado a dirigir. Era o Restaurante “Come Bem”, junto a um posto de gasolina na Via Dutra. Logo fez amizade com os donos do posto de gasolina, o Aureliano e a Sônia. Como ele já estava namorando com a Rita, pediu-a em casamento e vieram morar no restaurante. E lá foram criados os seus filhos, e ficou administrando o Restaurante “Come Bem” durante 22 anos.

            Hoje o Carlos é o dono de seu próprio restaurante que cuida com todo o carinho juntamente com sua esposa e seus dois filhos. A Catarina que é técnica em nutrição presta toda a assessoria técnica na cozinha e o Manuel ajuda no caixa quando não está jogando tênis de mesa. Já jogou os jogos regionais por Lorena e hoje participa do campeonato brasileiro na sua categoria. Carlos tem outra filha, a Tanea, que vive em Portugal e trabalha na área de turismo.

            Carlos está selecionando o novo nome para o seu restaurante que está localizado no Boulevard Villa Florida. JOHN DOE MEALS não lhe agrada muito, por isso prefere talvez RESTAURANTE DO PORTUGUÊS. Aguardem…

            O hobby do Carlos é bem diferente: plantar árvores. No seu bairro, Nova Arujá, várias ruas tem árvores plantadas por ele.

            O Carlos poderia estar hoje nos Estados Unidos, como era seu plano inicial. Mas o destino o conduziu até a nossa cidade, onde ele afirma que está muito feliz e não troca por nada este seu novo lar.

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